São Paulo, 21/04/2021 19h00
Tudo o que consumimos afeta a Terra. E se pensarmos que determinados padrões de consumo fazem parte de um coletivo, é fácil entender por que eles contribuem para práticas abusivas, que envolvem a extração ilimitada de matérias-primas e o descarte inadequado de resíduos. Em maior escala, a produção e o consumo inconsequentes podem ter efeitos catastróficos nos ecossistemas.
A indústria cosmética tradicional gera uma infinidade de efluentes, diariamente despejados, contaminando as águas através dos resíduos que resultam de seus processos de fabricação e das próprias formulações de cremes, shampoos, condicionadores, sabonetes e outros produtos.
A relação dos ativos químicos poluentes e não biodegradáveis que podem ter efeitos tóxicos quando presentes nas composições cosméticas é grande: corantes artificiais, ftalatos, fragrâncias sintéticas, microesferas de plástico, parabenos, petrolatos, sulfatos, triclosan e muito (mas muuuito) mais.
Tais princípios ativos, chamados pelos especialistas de PPCP (Pharmaceuticals and Personal Care Pollutants, ou seja, poluentes resultantes de fármacos e cosméticos), não podem ser retirados através do tratamento de água e esgoto, pois os atuais depuradores dos sistemas de tratamento apenas filtram poluidores mais grosseiros e espessos. Os PPCP são despejados nas águas de rios e lagos, contaminando lençóis freáticos e, inclusive, as culturas agrícolas, através da irrigação.
Ainda não há consenso na comunidade científica sobre os malefícios de algumas substâncias, mas já há informação suficiente para que o consumidor possa avaliar e decidir se está disposto a se expor a determinados produtos.
Na prática do consumo responsável, o hábito de ler rótulos e embalagens é um bom começo e forte aliado para a mudança de atitude, e você, como tem feito sua parte?
Sobre a autora, Juliana Tenório
Fundadora da marca de cosméticos AUNA Minimal Cosmetics
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