São Paulo, 25 de Setembro de 2021 (Blog Reciclo Beleza Sustentável)
Raquel Galheigo, BeOrganisch
Todo mundo já sabe que o padrão de consumo tem mudado bastante no mundo pós pandêmico. No Brasil, uma das mudanças foi o aumento de pedidos de alimentos por delivery, e outro, o aumento do uso de produtos para cuidados pessoais, como os cosméticos. Como consequência, também houve o crescimento do descarte inadequado de embalagens. De acordo com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o lixo doméstico cresceu de 15% a 25% durante o período da quarentena.
Imagem Canva Premium
É importante lembrarmos que, dentre todo o lixo produzido e descartado, entram não só as embalagens, mas também os resíduos decorrentes desse consumo, como resíduos de cosméticos, por exemplo, que são despejados no esgoto.
A indústria desse tipo de produto cresce a cada ano, especialmente no Brasil, que está entre os 4 países que mais consomem cosméticos no mundo. Consequentemente, os resíduos decorrentes da produção e consumo desses produtos também aumenta.
Quais as consequências desse mercado para o meio ambiente?
Estima-se que a produção de cosméticos convencionais utiliza mais de 10 mil substâncias químicas poluentes em seus processos. Dentre essas substâncias estão, por exemplo, os petrolatos, derivados do petróleo que compõem a formulação da grande maioria dos desodorantes, maquiagens, cremes, etc, e o polietileno, presente em microesferas de esfoliantes corporais e faciais. Esses compostos, além de demandarem muito tempo para se decompor, também acabam se acumulando no organismo humano (favorecendo comprovadamente o desenvolvimento de doenças) e de animais, interferindo no ecossistema aquático.
A expansão do mercado de pequenos produtores de cosméticos naturais: uma luz no fim do túnel?
Tendo em vista a grande problemática que envolve o aumento do consumo de substâncias tóxicas, o prejuízo que elas causam ao meio ambiente, além dos problemas socioeconômicos que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos, um novo nicho de mercado vem crescendo: o de cosméticos naturais produzidos por produtores locais.
De acordo com os organizadores da feira NaturalTech, trata-se de um grupo de consumidores, impulsionado pelos millenials, que buscam por cosméticos com menos embalagens, sem substâncias químicas nocivas ao organismo e ao ambiente, e que sejam fabricados, não por mega indústrias, mas pela mão-de-obra local. Ao que tudo indica, esse é um mercado promissor, que vem crescendo 20% ao ano e já movimenta mais de
3 bilhões de reais.
Os novos consumidores não só procuram por marcas mais naturais, que reduzam impactos no meio ambiente, mas que tenham propósito de transformação social, gerando o chamado “impacto positivo”. Sendo assim, esse movimento não vai contra o consumo, mas propõe uma nova visão sobre o capitalismo: o de um consumo mais consciente, de marcas que gerem valores através de suas vendas.
Sobre a Autora:
Raquel Galheigo Biomédica, PhD em Ciências e fundadora da Be Organisch
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